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Sunday, October 28, 2007

A invenção de Morel

Estive lendo os papéis amarelos. Penso que distinguir pelas ausências – espaciais ou temporais – os meios de superá-las leva a confusões. Talvez fosse o caso de dizer: meios de alcance e meios de alcance e retenção. A radiotelefonia, a televisão e o telefone são, exclusivamente, de alcance; o cinematógrafo, a fotografia, o gramofone – verdadeiros arquivos – são de alcance e retenção.

Todos os aparelhos para fazer frente a ausências são, portanto, meios de alcance (antes que se tenha a fotografia ou o disco, é preciso tirá-lo, gravá-lo).

Do mesmo modo, não é impossível que toda ausência seja, definitivamente, espacial... Num lugar ou noutro estarão, sem dúvida, a imagem, o contato, a voz dos que já não vivem ("nada se perde").

BIOY CASARES, Adolfo. A invenção de Morel. Tradução: Samuel Titan Jr; São Paulo: Cosac Naify, 2006. p. 93 e 94

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